Sentimos-nos culpado na maioria das vezes por tudo, nascemos e crescemos, e já vem alguém nos dizer que temos que culpa.

Assim que uma criança começa a descobrir o mundo, mexe ali, aqui, pula, corre, brinca, sorri, chora, assim nas primeiras descobertas o adulto ao seu redor indica que algo que ela tenha feito não foi legal, que deveria sentir-se culpada, “cuidado com o gatinho, senão ele vai ficar triste com você”.

A culpa nasce da moral, dos critérios políticos, das crenças religiosas, da maneira como surgem as famílias e muitas pessoas à utiliza como base para poder cobrar do outro tudo o que foge da regra, tudo que não está dentro do padrão.

Você já viu pessoas que tem medo de fazer qualquer coisa na vida, pois tem medo de se sentirem culpadas, você observou uma pessoa que não consegue dizer não para as outras, pois tem medo de magoá-las e de se sentir culpada.

Quantas mulheres vivem se culpando por acharem que não são boas esposas, boas funcionárias, boas mães, são incapazes de realizar suas tarefas sem que sintam que é necessário dar muito mais do que recebem, vivem correndo atrás de fazer tudo e ainda se culpam por não darem conta.

Quantos homens se encontram em débitos com seus filhos, pois ficam ocupados e atarefados com a correria do dia a dia, com o trabalho, com a imensa preocupação de que tudo tenha que ser mantido, nada pode faltar e ainda assim sentem-se culpados.

Você conhece pessoas que se sentem culpadas por que a vida passou e nada fizeram, reclamam, dizem que não deu certo, que não tiveram tempo, que as oportunidades são para os outros, que sua vida não foi fácil.

Jovens que carregam o peso da retribuição ao que seus pais lhe ofereceram, se sentem culpados por não atingirem as expectativas que neles foram depositadas.

Quantos pais fazem tantas outras coisas, até mesmas aquelas que não estão ao seu alcance, movidos pela culpa.

Quantas pessoas se sentem extremamente culpadas por nunca atenderem as intenções e os desejos daqueles que estão ao seu redor.

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Você já ouviu aquela frase, “quanto mais você é bom para os outros, pior é para você”, pois tem pessoas que não se permitem pensar nelas primeiro e se culpam.

Ou melhor, quando as pessoas estão com suas vidas maravilhosas, tem um imenso prazer, felicidade e então começam a sentir culpa, por tudo de bom que está acontecendo e isso faz com que não se sintam merecedoras de estar vivendo o melhor.

Existem pessoas que acreditam que não podem, não devem, não merecem sentir-se bem e amados na vida, se elas não pensarem nos outros, se os outros não estiverem em primeiro lugar.

Você sente culpa quando algo que você desejou, que sonhou está se realizando, a culpa é sua companheira, se sente que não é merecedor daquilo que está acontecendo contigo.

Você viu alguém que está vivendo um grande sentimento por uma pessoa e começa a sabotar o que sente, encontra alguém que é sua ‘metade da laranja’, que combina com seu estilo de vida e nesse momento joga bombas para matar esse sentimento por medo. Esse medo é culpa, por sentir que a vida lhe deu algo que é merecido, mas que você não concorda.

Ainda existem pessoas que dão desculpas para não serem felizes, por não conseguirem se manter estáveis em seus relacionamentos, sejam amorosos ou sociais.

Tem tanta gente que fica presa, encarcerada em seu interior, fechadas nas muralhas dos seus pensamentos inadequados, que começam a julgar antes de poder experimentar, antes que se permitam viver sentimentos novos.

Porque a culpa é o grande juiz de suas vidas, o grande algoz dos seus dias, não podendo nem sequer aproveitar as oportunidades que lhe surgem.

Quantas pessoas que você conhece vivem sempre cobrando tudo delas mesmas, cobram por não terem feito algo, sentem que falta realização, que não estão participando, que não conseguem dar conta da vida, dos amigos, da família, do trabalho, do corpo, de tudo.

Essas pessoas sofrem com a grande sentença liberada da culpa, e não conseguem viver a própria vida com amor, com paz e felicidade. Se deixam dominar pelas acusações feitas sem nem ao mesmo criticar essas acusações, já aceitam e sentem-se obrigadas por si mesmas a cumprir a condenação de não libertar a culpa da vida.

O sentimento de culpa é algo pesado, doloroso e faz com que as pessoas fiquem presas e não consigam dar continuidade nas suas vidas, não consigam gerenciar as suas histórias e acabam deixando outras pessoas conduzirem suas vidas, para não assumirem a culpa de decidir.

Você já parou pra pensar que tudo na vida nos leva a sentir culpa, e como é difícil e doloroso sentir, pois ficamos angustiados, incomodados e principalmente nos sentindo que somos desmerecedores de qualquer graça concedida a nós.

Quanto tempo se perde com a culpa, o que se perde de ver na vida por causa dela, o que se ganha quando a culpa é uma acompanhante, em vez de ser uma cruz pesada para se carregar.

Entretanto, devemos olhar a culpa ou melhor dizendo, o sentimento de culpa de maneira diferente.

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Começando que no sentimento de culpa o sofrimento é obtido após a auto avaliação de um comportamento ocorrido sendo reprovável por si mesmo. Do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego (grande juiz) daquilo que achamos que deveríamos ter sido.

E que a culpa se refere à responsabilidade dada à pessoa por um ato; dessa maneira, cada pessoa é culpada, por aquilo que fizer, faz parte da trajetória da vida humana. Sendo assim, é o caminho que traz o amadurecimento do indivíduo e faz com que possa caminhar e seguir a vida para lidar com as novas experiências e vivências que irão surgir do compromisso consigo mesmo de não deixar- se prender com o sentimento da culpa.

Saiba que cada pessoa na tentativa de acertar, irá com certeza errar o que for necessário, tanto quanto aquele que quer prever tudo o que possa acontecer; não existe o controle de nada e o maior dos erros é não escolher, não decidir e não poder ter em suas mãos a caneta que escreverá a história da sua própria vida.

A culpa é inevitável para todos que querem crescer e amadurecer nas adversidades, nas alegrias, nos momentos de satisfação e de tristeza, pois somente assim as pessoas se tornam autores do seu destino e proprietários de tudo aquilo que recebem de frutos, tendo a certeza que o cultivo foi realizado nas suas próprias terras.

André Nunes

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