A dependência química é uma doença que pode acontecer em qualquer família, sem escolher o momento, ou mesmo o lugar.

Se atendemos alguém que está sofrendo na família os transtornos causados pelo vício e comportamentos causados pelas drogas, temos que ter clareza de como podemos agir.

Como qualquer doença, a dependência química tem causas multifatoriais, e os estudos vêm descobrindo que  unir profissionais de diferentes áreas para reabilitar o dependente é fundamental para o processo de recuperação.

O que vem ocorrendo há muitos anos é que as drogas vêm afetando todas as camadas da sociedade, seja ela de classe baixa, média ou alta.

Infelizmente as drogas estão presentes nos mais diversos ambientes não sendo exclusivo das comunidades, ou das periferias.

Nos dias de hoje, o acesso a essas substâncias, sejam lícitas  como o tabaco, narguilé, bebidas alcoólicas que estão cada vez mais disfarçadas para atender ao público mais jovens, ou ilícitas com a maconha que cada vez mais é incentivada e demonstrada com uma simples erva que é “natural”, e os outros diversos tipos de drogas, já conhecidas como a Cocaína, o Crack, o Lsd, o  Ecstasy, como muitas outras que são fabricadas quimicamente, é muito fácil.

Tornando para muitas pessoas a possibilidade de, em algum momento de suas vidas, estabelecer contato com algum tipo de droga que causa dependência.

É verdadeiro que os adolescentes, o jovens e até mesmo os adultos que fazem seu primeiro contato com as drogas não irão se tornar dependente, mas o contrário também é verdadeiro que todos que se tornaram dependentes foram os que tiveram o primeiro contato.

Mas aí está a grande questão, quem pode se tornar um dependente?

Como saber se eu usar algum tipo de drogas vou ou não me viciar?

Os estudos demonstram que  cerca de 10% da população irá desenvolver algum tipo de dependência química, mas não há estudos claros ou conclusivos de como saber quem pode desenvolver ou não a doença da dependência química.

A pessoa que experimenta uma droga, e sendo as drogas quase em sua totalidade provocadora de uma sensação de intenso prazer, tornando seu efeito extremamente sedutor tem interesse em voltar a usar.

A droga tem efeito de ação que atinge o sistema de recompensa do nosso cérebro, estimulando a repetição do ato para produzir mais prazer, por seguinte a busca de usar, usar cada vez mais.

É notado que as  as drogas causam dois tipos de dependência: a física e a psicológica.

A primeira é o reação do corpo na ausência da droga, a segunda é a busca do uso da droga para garantir prazer.

Assim demonstra a síndrome de abstinência, que acontece quando o organismo ou a mente sentem a falta da substância quando ela não é consumida.

As causas que levam uma pessoa a se tornar um dependente químico são diversas e multifatoriais, e nunca aparecem isoladamente.

Desde uma estrutura familiar disfuncional, perdas, violência, aproximação com o tráfico, até a influência de amigos e a necessidade de sentir-se pertencido, podem ser fatores determinantes na condição do indivíduo.

Por isso, é necessário que os profissionais que atuam diretamente no acolhimento, acompanhamento e tratamento dos dependentes de drogas, terem conhecimento, e visão ampla dos problemas causados pela dependência química.

Para que haja maior compreensão gostaria de listar alguns profissionais e quais são suas contribuições essenciais para auxiliar e promover de maneira saudável a recuperação de dependentes químicos.

Nos momentos que as famílias buscam ajuda para seus dependentes químicos  ter contato com profissionais qualificados faz toda a diferença para reabilitar o dependente, provocando melhores resultados e o futuro processo de reinserção na sociedade.

Por este motivo, o tratamento de um dependente deve sempre ser combinado entre diversos profissionais capacitados.

Quero falar inicialmente pela minha profissão, tive a oportunidade de me especializar no atendimento de dependentes químicos e de suas famílias, pois o profissional da psicologia deve ser especializado para tratar as causas comportamentais e as emocionais.

O psicólogo tem um papel fundamental e indispensável para entender o caminho percorrido por um jovem, o que o levou a se tornar viciado e ajudá-lo a se livrar desse vício.

Dentre as diversas funções que um psicólogo realiza para o acompanhamento e tratamento de um dependente químico, destaca-se sua aptidão para buscar compreender e cuidar dos motivos que levou o dependente a recorrer às drogas como uma saída para os problemas.

Em muitos  casos, um problema pessoal, uma sensibilidade para enfrentar os desafios da vida, conflitos familiares e, até mesmo, sociais provocam a vontade de buscar as drogas e, por isso, é necessário resolvê-la para que o dependente não tenha sucessivas recaídas ou crises de abstinência.

Pode ocorrer  também o craving ou “fissura” – como é designado, popularmente, pelos dependentes químicos no Brasil – é um conceito ainda controverso.

Pode-se ter como definição mais comum um intenso desejo de utilizar uma específica substância.

Alguns pesquisadores descrevem esse conceito como: desejo de experimentar os efeitos da droga; forte e subjetiva energia; irresistível impulso para usar droga; pensamento obsessivo; alívio para os sintomas de abstinência; incentivo para auto-administrar a substância; expectativa de resultado positivo; processo de avaliação cognitiva e processo cognitivo não-automático.

A fissura pode ocorrer de se ter uma vontade  de maneira espontânea, sem nenhum motivo aparente, e a psicologia pode auxiliar no processo de investigar e identificar os gatilhos para desencadear a fissura.

O psicólogo trabalha diretamente no processo de reintegração social desse dependente, buscando sempre auxiliar a ele entender os conflitos, os comportamentos e as emoções que levam ao uso da droga, não pode deixar de se levar  em conta três aspectos principais: as características pessoais mental e emocional do dependente, a natureza do ambiente em que vive e as características do comportamento característico do vício, como as drogas usadas e a frequência e quantidade de uso.

O trabalho do psicólogo ocorre por meio de sessões de atendimento individual, de testes psicológicos, este profissional poderá identificar a função dos sintomas e o que eles querem dizer, podendo agir e direcionar seu trabalho objetivamente para cada pessoa, visto que cada indivíduo é único e possui razões e características diferentes que o levam à dependência.

Existe uma importante função do psicólogo  que é manter o controle mental do paciente mesmo após a desintoxicação, e de síndrome de abstinência.

Quadros como ansiedade e pensamento acelerado podem surgir, prejudicando a recuperação já que podem ser gatilhos emocionais para recaídas.

Portanto, é evidente que o papel profissional do psicólogo para o acolhimento, apoio, recuperação, e reintegração de um dependente químico é de suma importância, trazendo grandes benefícios ao dependente, aos seus familiares e à sociedade.

Entretanto, nem todos os dependentes químicos que tentam se recuperar conseguem superar a dependência química e se livrar de seus vícios sem auxílio do uso de medicamentos.

No exemplo de dependentes químicos que usam drogas depressoras do Sistema Nervoso Central, como o álcool, por exemplo, a falta das substâncias podem provocar fortes crises de abstinência.

Sendo assim necessário para esses casos, o  auxílio de um profissional da medicina, o médico psiquiatra para a avaliação do quadro mental do dependente e  da necessidade de medicamentos para o acompanhamento do dependente a fim de recuperá-lo da crise de abstinência, evitando recaídas.

Além  do mais, os remédios atuam diretamente na melhora dos sintomas de abstinências, e no tratamento de outras doenças que são chamadas de comorbidades que podem estar associadas como a depressão, ansiedade, esquizofrenia, bipolar.

Muita são as dúvidas dos profissionais que podem ou não atuar na recuperação dos dependentes químicos, quero dizer sobre o trabalho do terapeuta ocupacional.

O terapeuta ocupacional trabalha na recuperação do dependente químico que tem dificuldades em realizar as tarefas cotidianas, desenvolver as habilidades motoras, sensitivas. O terapeuta ocupacional tem foco na construção ou na reconstrução do cotidiano, de acordo com as necessidades individuais de cada dependente.

Além disso o terapeuta ocupacional avalia o dependente como um todo, utilizando tarefas prescritas para alcançar seu objetivo e diversas atividades.

As atividades que farão parte do tratamento do dependente são feitas de maneira criteriosa por esse profissional para adequar todas as necessidades, observando sempre as dificuldades do dependente, além de visar sua satisfação e bem estar  dentro de seu tratamento.

Não devemos esquecer que os dependentes químicos de modo geral, acabam se descuidando de diversos aspectos de seu corpo o que leva a uma perda significativa de vitaminas essenciais para o nosso organismo.

O funcionamento do corpo do dependente químico, durante e após o processo de desintoxicação, tem grande alterações e fica bastante debilitado.

Caracteristicamente é comum perda de peso, perda de cabelo, sujeito a infecções e até mesmo delírios.

Em grande parte acontece por  falta de nutrientes necessários ao corpo, deixando ele fraco e bastante suscetível a outras doenças oportunistas.

Tendo assim a importante atuação do profissional nutricionista que vem com o papel de tratar o organismo do dependente, oferecendo a ele uma dieta balanceada que traga de volta a vitalidade para que ele volte a ser saudável.

Assim, o dependente tem uma outra área da sua vida cuidada e de suma importância e se  torna mais propenso a aderir ao tratamento e não voltar à dependência.

    Não devemos esquecer, que durante o tratamento dos dependentes, temos um papel importantíssimo da equipe de enfermagem eles são responsáveis por um trabalho delicado e dedicado de acompanhar de perto o passo a passo da recuperação do dependente.

A dependência química é uma enfermidade que precisa de atenção e cuidado, e o enfermeiro é o responsável por isso, principalmente na fase de desintoxicação e nas crises de abstinência.

    Desempenha o  papel de dar assistência como checar os sinais, monitorá-los e atuar junto ao médico, podendo atender em casos especiais às necessidades prescritas aos dependentes, como a dosagem e o acompanhamento de remédios.

É importante que o enfermeiro acompanhe o dependente químico, principalmente para que nos primeiros momentos não haja recaídas, ou que essencialmente o dependente sofra.

Sendo um profissional é indispensável para o sucesso do caminho de recuperação daqueles que tem o seu acompanhamento.

A equipe de enfermagem atua principalmente quando os dependentes encontram-se em clínicas de recuperação, em hospital, ou em domicílio quando se tem a necessidade dos cuidados da enfermagem.

Muitos profissionais da Assistente Social perguntam quais são suas ações frente à dependência química.

A inserção do assistente social é de suma importância, pois este profissional tem uma prática socializadora, possui uma visão ampla, sendo propositivo e proporcionando formas a instigar e potencializar aos usuários meios de enfrentamentos desta problemática, de forma que aconteça a inserção social.

Ressaltando que a atuação do assistente social é pautada na ampliação e consolidação da cidadania, livre de qualquer preconceito, compreendendo o indivíduo em sua totalidade.

O trabalho do assistente social, também se efetiva através de acolhimento e orientação aos usuários onde auxilia os familiares no processo do tratamento, na recuperação do indivíduo e no fortalecimento do vínculo familiar, execução de programas, e ampliação de novos projetos com ações pautadas no Código de Ética da profissão.

Entende-se que a principal função do assistente social, é preservar e ampliar os direitos, e a intervenção profissional, que é caracterizada pelo atendimento às demandas e necessidades sociais  dos dependentes, que podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais, quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais da vida da população, viabilizando seu acesso à Políticas Sociais, diminuindo assim as desigualdades sociais existentes.

Ressaltando a necessidade de reconhecer estes indivíduos como sujeitos de direitos e parte pertencente da sociedade, solidificar na realidade nosso papel enquanto profissional, com competência prática e qualificação dos aportes teóricos metodológicos da profissão.

Não podemos esquecer dos terapeutas em dependência química que  atuam em diferentes frentes de trabalho na recuperação dos dependentes químicos.

Desenvolve atividades que apoiam a prevenção e a recuperação tais como: ministrar seminário e palestras sobre dependência química;  propor e acompanhar a desintoxicação domiciliar; organizar reuniões de apoio aos dependentes e familiares;  prestar atendimento individual ao cliente; supervisionar os estagiários da área; elaborar e auxiliar entidades na formulação de propostas e projetos; implantar, implementar, acompanhar e supervisionar programas de sua área de atuação em empresas.

O terapeuta tem na sua maioria a característica de serem dependentes em recuperação que auxiliam seus companheiros a seguirem o caminho de recuperação e a buscarem novos significados para a própria vida.

Pude demonstrar aqui alguns dos profissionais que ajudam na recuperação de dependentes químicos. Vale destacar de que é importante pontuar que a família, os amigos e os colegas de trabalho, e ainda a espiritualidade são tão fundamentais quanto a ajuda especializada.

O dependente químico em recuperação precisa nesses momentos de dificuldade é de compreensão, de paciência e de bastante apoio.

Pois eles tendem a se isolar  cada vez mais tanto no momento do do uso das drogas quanto no momento da reabilitação. Trabalhe sempre para que ele se sinta amparado.

Sabemos que apesar de diversas ações e de campanhas antidrogas e da disponibilidade de informações a respeito das consequências negativas do seu uso recreativo e abusivo, o número de usuários aumenta cada dia mais, tornando o acesso a essas substâncias ainda mais fácil e fazendo aumentar consideravelmente  o número de dependentes.

Entretanto, se faz indispensável na vida dos dependentes das múltiplas drogas, ter apoio, desenvolver a recuperação e uma melhor reintegração aos seus ambientes sociais, é necessário apoio de profissionais qualificados que o ajudem a se libertar do vício.

André Nunes

Você gostou deste artigo? Deixe seu voto abaixo